Também chamado de cobertura verde, telhado de grama, teto jardim entre outros, é uma opção ecológica para a construção de coberturas. Houben e Guillaud (2008) consideram o telhado vivo como uma técnica de construção com terra.
Um telhado vivo pode ser construído com várias finalidades, desde uma simples cobertura até um local de trânsito e permanência de pessoas. O telhado vivo deve ser projetado desde sua estrutura até a especificação da vegetação de acordo com a função que irá exercer.
Um passo importante no projeto do telhado vivo é a definição da inclinação: Minke (2004) classifica as coberturas pela sua inclinação, e aponta especificidades para cada tipo:
Tabela 1: Inclinações das coberturas (adaptado de MINKE, 2004).
Plana |
Até 5% | Deve ter uma camada de drenagem abaixo do substrato, separada do mesmo por uma manta geotêxtil |
Inclinação leve | De 5% a 20% | Dispensa camada de drenagem adicional, escoamento eficiente |
Inclinação forte | 5% a 45% | Necessita contenções para evitar erosão da terra |
Íngrime | Acima de 45% |
Vegetação em sacos, vasos ou rolos de grama |
Figura 4: Casa com telhado verde do tipo extensivo em Sarandi, RS.
- Vantagens da cobertura verde:
- A camada de terra proporciona conforto térmico, pois impede a entrada ou saída de calor dos ambientes por sua baixa condutividade térmica.
- A vegetação absorve os raios solares, evitando aquecimento excessivo da cobertura. Ótima solução para meios urbanos uma vez que reduz o efeito de ilhas de calor.
- A vegetação forma um colchão de ar, mais um fator para o isolamento da edificação.
- O telhado vivo se integra à paisagem dando uma qualidade estética à edificação. Nas áreas urbanas, ajuda a melhorar a estética da cidade, e a melhorar o clima urbano.
- A vegetação absorve o CO2, gás causador do efeito estufa. Além disso retém as partículas do ar e é capaz de absorver metais pesados, limpando o meio ambiente.
- Telhados verdes retém em torno de 70% da água que cai sobre sua superfície, sendo uma ótima solução para evitar enchentes e alagamentos no meio urbano.
- É um habitat para insetos, estimulando a presença da vida no local.
- Partes componentes do telhado vivo:
Estrutura:
A estrutura para a construção do telhado vivo deve ser forte, pois a terra tem bastante peso. Sobre o barroteamento da cobertura deve ser construída uma superfície que pode ser de tabuas, bambu ou outro material. Sobre esta é colocado um carpete, uma espuma ou mesmo uma camada de papelão, que serve para anular o atrito entre a superfície e a lona impermeabilizante.
É muito importante que o cálculo da estrutura seja feita com assessoria de um profissional habilitado, seja na construção de um telhado novo ou na adaptação de uma cobertura existente.
Figura 5: Exemplo do uso de bambu para apoio do substrato. Fonte: http://www.entrepreneurstoolkit.org, acessado em 02 de abril de 2016.
Impermeabilização:
Pode ser feita de diversas formas: manta asfáltica, geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade) ou com produtos de origem vegetal, como as borrachas líquidas. A impermeabilização bem feita garante vida longa ao telhado, sem a necessidade de manutenção. A própria cobertura vegetal será um elemento adicional de proteção à camada de impermeabilização.
Figura 6: Colocação de geomembrana PEAD. O peso da terra é suficiente para a fixação da mesma.
Filtro :
Acima da impermeabilização, é necessária uma camada de filtro. A mais comumente utilizada é a manta geotêxtil. A camada filtro impede que as raízes atinjam a camada inferior e garante maior grau de pureza a água que escoará do telhado – muito útil no caso de a água da chuva ser armazenada para o uso.
Terra e Vegetação:
De acordo com Minke (2004) os telhados pode ser extensivos (substrato com pouca espessura e vegetação com baixa manutenção) ou intensivos (coberturas mais complexas com configuração de canteiros, caminhos, etc. Para telhados extensivos, de maneira geral, a camada de substrato tem entre 10cm e 15cm. Uma boa opção para este tipo de telhado é a utilização de vegetação local, que tem maior probabilidade de se adaptar. De qualquer forma é importante que o substrato seja compatível com a vegetação. Além do mais, recomenda-se diversidade na vegetação, pois as espécies podem ter maior ou menor capacidade de se adaptarem.
Drenagem:
O sistema de drenagem é muito importante para que a água escoe com eficiência. O mesmo pode ser feito com uma camada de brita junto à parte mais baixa do telhado. A brita pode estar envolvida por uma tela de para que se mantenha separada do substrato (terra). Recomenda-se também separar o dreno do substrato com a manta filtro (geotêxtil).
Figura 7: Exemplo de dreno com brita, separado do substrato e da vegetação pela manta geotêxtil.
REFERÊNCIAS:
BALDESSAR, S. M. N. Telhado verde e sua contribuição na redução da vazão da água pluvial escoada. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia da Construção Civil, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2012.
HOUBEN, Hugo e GUILLAUD, Hubert. Earth Construction: a comprehensive guide. Marseille: Edición Parenthèse, 2008.
MINKE, G. Techos Verdes. Planificación, Ejecución, Consejos Prácticos. Editorial Fin de Siglo. Montevideo, 2004.
PROMPT, Cecília. Curso de Bioconstrução. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável. Brasilia, 2008.