por Fernanda Dorta
Não é de hoje que a terra é matéria prima base de grande relevância para diferentes atividades humanas. No mercado da construção civil convencional a construção com terra é praticamente considerada uma prática artesanal e antiga. Mas a Margem Arquitetura demonstra nesta postagem mais uma tecnologia de bioconstrução que vem provando que esse conceito de antigo mudou, tanto para a otimização de recursos quanto para a diminuição do impacto ambiental na construção. Em regiões dos Estados Unidos e Europa, por exemplo, existem empresas que fabricam paineis e pré-moldados utilizado elementos naturais como palha, madeira, serragem e terra.
A técnica do painel de serragem com solocimento foi apresentado pela arquiteta Cecília Prompt, no último mês, durante atividades da disciplina Gestão da Sustentabilidade na Construção, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ UFSC. Na ocasião a arquiteta mencionou o projeto do arquiteto Henrique Pinheiro, em 2011 – através da obra da Base de Apoio da Reserva Biológica do Lago Piratuba, localizada em Cutias do Araguari, no Amapá – projeto em que a arquiteta teve responsabilidade técnica pela fiscalização e a capacitação da mão de obra local. (Saiba mais…)
Segundo Cecília, a escolha dessa tecnologia foi levada em consideração devido a realidade ambiental da região da reserva biológica. “Considerou-se uma estratégia para as futuras construções que serão feitas sobre água, no território da reserva, já que os painéis poderiam ser fabricados na Base de Cutias e transportados de barco até as áreas das novas construções, para serem instalados no local.”
Os painéis foram feitos com uma estrutura de madeira e uma tela de arame recozido. O objetivo era fazer uma experimentação da tecnologia para assim definir sua utilização posterior para as demais construções.
Execução de um protótipo
A arquiteta afirmou também que para capacitar a mão de obra e aperfeiçoar a técnica foram feitos testes de campo para verificar a qualidade do solo e experimentos com os rebocos e os painéis de serragem com solocimento. “Testamos quatro traços diferentes neste único painel protótipo, a fim de efetuar a comparação entre os mesmos”, ressalta.
Avaliando o uso da tecnologia
Essa técnica mostrou-se adequada à realidade local pelos seguintes motivos: uso da madeira, matéria prima largamente usada na arquitetura tradicional da região; simplicidade construtiva; uso de materiais de fácil acesso, incluindo a serragem que consiste em rejeito de marcenarias; baixo impacto ambiental. Em relação à execução, os trabalhadores da obra observaram o peso excessivo e dificuldade de instalação. Segundo eles, haveria mais eficiência se a massa fosse assentada com os painéis de madeira já posicionados no local definitivo, com o uso de formas verticais.
A Arquitetura de terra utiliza a terra crua como principal material de construção. O deferencial da aplicação desse tipo de arquitetura é estabilizar essa terra por compactação ou pelo uso de aditivos aglutinantes como o cimento na massa, por exemplo, aprimorando, assim, a eficiência e durabilidade da edificação. Outro diferencial é porque a técnica faz um paralelo com o wood frame e steel frame que são construções secas, que não tem resíduos, que partem de construções pré-fabricadas ou modulares e priorizam a sustentabilidade.